ABSTRACT
Objetivo: Verificar a validade clínica das equações de Cockroft-Gault e MDRD para a estimativa do clearance de creatinina em transplantados renais e avaliar a influência de diferentes níveis de clearance no desempenho dessas equações. Métodos: O grupo estudado compôs-se de 140 pacientes transplantados renais em acompanhamento ambulatorial, sendo 81 homens (58%) e 59 mulheres (42%), com idade média de 37,5 anos. Foi calculada a estimativa da TFG pelas equações e comparada ao clearence de creatinina medido pela urina de 24h. Para análise estatística, foram utilizadas as medidas de acurácia, bias e precisão. A acurácia recomendada pelas diretrizes do K/DOQI (2002) foi considerada como referência para a validação clínica das equações. Resultados: Nenhuma equação atingiu acurácia mínima para sua validação quando analisadas no conjunto dos pacientes, sendo a melhor acurácia (73,5%) e o melhor bias (-0,4) alcançados pela equação de Cockcroft-Gault corrigida. Nos pacientes com Clearance de creatinina menor que 60 mL/min/1,73m², novamente nenhuma equação alcançou o desempenho mínimo, sendo a melhor acurácia (68,6%) e o melhor bias (0,8) observados na equação MDRD com cinco variáveis. Nos pacientes com clearance de creatinina maior ou igual a 60mL/min/1,73m², a equação de Cockroft-Gault corrigida foi a única a ultrapassar a referência mínima necessária para sua validação, alcançando a melhor acurácia (87,6%) e o melhor bias (-9,4). Conclusões: Em geral, nenhuma das equações se mostrou clinicamente satisfatória nos transplantados renais. Apenas a equação de Cockcroft-Gault corrgida pela superfície corporal se mostrou aceitável para o grupo com melhor função renal.